Por Hanrrikson de Andrade (Brasil).
O Senado divulgou nesta quinta-feira (19 de março) o número de diretorias em seu quadro funcional: são 181 cargos de direção, o que representa mais de dois para cada um dos 81 senadores. Entre as nomenclaturas mais inusitadas, estão a Coordenação de Apoio Aeroportuário (conhecida como "Diretoria de Check In", que facilita o embarque dos senadores nos aeroportos), a Coordenação Administrativa de Residências ou Coaro (também conhecida como "Diretoria de Garagem", por funcionar no subsolo de um prédio) e a Diretoria de Rádio em Frequência de Ondas Curtas (cuja finalidade era regular a transmissão radiofônica na Casa). O número exorbitante é o resultado de uma auditoria interna e deve ser reduzido pela metade nos próximos seis meses, segundo o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
O número total de cargos de direção foi surpreendente até mesmo para a própria direção do Senado, que teve de refazer as contas por duas vezes. O primeiro levantamento, anunciado na última terça-feira (17 de março), dava conta da existência de 131 diretores. Algumas horas depois, subiu para 136 (no fim do dia, Sarney determinou que todos os cargos fossem colocados à disposição, o que não aconteceu). Depois de uma série de oscilações nesta quinta-feira (19), os auditores fecharam a investigação em 181. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) ainda fará uma auditoria mais ampla no sentido de enxugar a máquina administrativa e não está descartada a possibilidade de outras pessoas perderem cargos de direção.
O número total de cargos de direção foi surpreendente até mesmo para a própria direção do Senado, que teve de refazer as contas por duas vezes. O primeiro levantamento, anunciado na última terça-feira (17 de março), dava conta da existência de 131 diretores. Algumas horas depois, subiu para 136 (no fim do dia, Sarney determinou que todos os cargos fossem colocados à disposição, o que não aconteceu). Depois de uma série de oscilações nesta quinta-feira (19), os auditores fecharam a investigação em 181. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) ainda fará uma auditoria mais ampla no sentido de enxugar a máquina administrativa e não está descartada a possibilidade de outras pessoas perderem cargos de direção.
- Os problemas caíram no meu colo. Tive que demitir diretores, afastei bancos agiotas, reduzi em 10% os gastos e chamei a Fundação Getúlio Vargas para fazer uma reforma administrativa que reduzirá custos e aumentará a eficiência - argumentou Sarney. Ele garantiu que não sabia da existência de tantas diretorias no Senado.
Mais tarde, porém, o presidente do Senado mudou o tom do discurso:
- Nós não falamos mais de reforma administrativa e sim em uma reestruturação profunda da administração da Casa. Os diretores vão sair e vamos analisar pelo critério de mérito quem vai ficar. Coloquei meu nome, minha carreira, mais uma vez, sem necessidade. Vocês têm de compreender que para mim não é fácil. Aceitei prestar um serviço ao Senado.
A remuneração para cada um dos 181 diretores gira em torno de R$ 20 mil, porém vários ganham o teto salarial estipulado para a função (R$ 24,5 mil) por conta do longo período de serviços prestados no Congresso. Com a redução de metade das diretorias, estima-se que a economia chegará ao valor de R$ 400 mil mensais. No entanto, os cargos ainda não foram extintos, pois há a necessidade de uma deliberação oficial da Mesa Diretora da Casa.
Por conta da falta de espaço físico para tantos gabinetes, por exemplo, o diretor da Coaro, Elias Lyra Brandão, exerce sua função no fundo do subsolo de um prédio de apartamentos funcionais (veja no vídeo abaixo). A "Diretoria de Check In", por sua vez, funciona no próprio Aeroporto de Brasília e é ocupada pelo jornalista Francisco Carlos Melo Farias. Segundo o jornal Estado de São Paulo, Farias também presta serviços para a filha de José Sarney, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), como assessor de imprensa.
CONFIANÇA. O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), apresentou uma perspectiva otimista a respeito do processo de "reestruturação profunda" pelo qual passará a Instituição. Segundo ele, a Casa estará em um "mar de rosas, em céu de brigadeiro" daqui a seis meses. O senador piauiense garantiu ainda que ninguém será demitido antes do término da auditoria encomendada à Fundação Getúlio Vargas.
- Os diretores continuam nas suas funções. Não podemos demitir todos de uma vez só. Vamos analisar caso a caso e esperar o estudo encomendado à Fundação Getúlio Vargas. Não podemos estipular prazos. Mas, em seis meses quero estar num mar de rosas, em céu de brigadeiro - disse Fortes, que afirmou ainda que o crescimento do número de diretorias vem acontecendo ao longo dos últimos 12 anos.
O estudo da FGV pode culminar em exoneração para vários funcionários, mas há outras questões que envolvem senadores que ainda exigem respostas. Roseana Sarney, por exemplo, foi acusada de custear a viagem de um grupo de parentes e amigos com a cota de passagens aéreas a que tem direito na condição de parlamentar, no exercício da função. Tião Viana (PT-AC), por sua vez, emprestou um celular de uso exclusivo dos parlamentares para a filha viajar ao México. O senador chegou a admitir o erro e garantiu que pagou a conta.
O Senado vem sendo alvo de uma onda de denúncias e escândalos desde a posse de Sarney (veja o passo-a-passo dos escândalos de cargos e benesses do Senado). O primeiro a cair foi Agaciel Maia, que ocupava o cargo de diretor-geral, após denúncia de que teria ocultado de sua declaração de bens uma mansão de R$ 5 milhões em Brasília. Logo em seguida, veio a revelação de que a Casa teria pago horas extras aos funcionários no mês de janeiro, apesar de não ter realizado sessões. O pagamento foi considerado legal, mas alguns senadores determinaram a devolução do dinheiro, que será feita em dez vezes.
Outro caso derrubou o diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi. Ele repassou a seus filhos um apartamento funcional que recebeu do Senado para sua própria moradia. O ex-funcionário do Senado morava em uma casa no lago Sul, bairro nobre de Brasília.
O estudo da FGV pode culminar em exoneração para vários funcionários, mas há outras questões que envolvem senadores que ainda exigem respostas. Roseana Sarney, por exemplo, foi acusada de custear a viagem de um grupo de parentes e amigos com a cota de passagens aéreas a que tem direito na condição de parlamentar, no exercício da função. Tião Viana (PT-AC), por sua vez, emprestou um celular de uso exclusivo dos parlamentares para a filha viajar ao México. O senador chegou a admitir o erro e garantiu que pagou a conta.
O Senado vem sendo alvo de uma onda de denúncias e escândalos desde a posse de Sarney (veja o passo-a-passo dos escândalos de cargos e benesses do Senado). O primeiro a cair foi Agaciel Maia, que ocupava o cargo de diretor-geral, após denúncia de que teria ocultado de sua declaração de bens uma mansão de R$ 5 milhões em Brasília. Logo em seguida, veio a revelação de que a Casa teria pago horas extras aos funcionários no mês de janeiro, apesar de não ter realizado sessões. O pagamento foi considerado legal, mas alguns senadores determinaram a devolução do dinheiro, que será feita em dez vezes.
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Saiba Mais:
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Enquete - Vote aqui:
Depois de uma série de escândalos, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), planeja uma espécie de reestruturação gradativa na Casa a fim de reduzir despesas e reorganizar o quadro funcional. Você acha que ele conseguirá promover qualquer tipo de mudança antes das eleições de 2010, ano em que deve se aposentar da vida política? Vote!
() Sim. O Sarney é um político experiente e está acostumado com os momentos de crise política.
() Não. O Sarney é, na verdade, o principal responsável por toda essa sucessão de escândalos no Senado.
Fórum - Opine aqui:
Na última terça-feira (17 de março), José Sarney determinou que todos os 181 cargos de direção do Senado fossem colocados à disposição, o que acabou não aconteceu. Sendo você um desses diretores, com uma renda média de R$ 20 mil mensais, o que faria?
Renegaria ao dinheiro e colocaria o seu cargo à disposição? Ou esperaria o desenrolar dos acontecimentos? Dê a sua opinião!
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